" O ano passado passou tão apressado
Eu sei que foi um corre-corre-corre danado
O ano inteiro eu passei sem dinheiro”...
Acordei com essa música na minha caixa craniana. Rita Lee nos discrepantes anos 80. Ai, que já acordei cansada.
Afinal essa modalidade de corrida que pratico, não revigora, não emagrece e perder-se de si é um dos seus efeitos colaterais.
Atrasada. Corre-corre-corre.
Tentei espantar o cansaço com um balde de café. A música interna foi sumindo e de repente o Sérgio Chapelin começou a narrar uma história dentro da minha cabeça (não sei por que, logo o Sérgio Chapelin):
“Há muito tempo, no coração da África, ingleses em expedição estavam apavorados diante da possibilidade de passarem a noite na selva. Assim, impuseram um ritmo desumano aos nativos que carregavam toneladas européias, durante todo o dia. Porém para o desespero dos ingleses, de repente os carregadores pararam. Ignoraram os gritos, as ameaças. Imóveis, sem descansar a carga dos ombros. Após algum tempo, retomaram a marcha com a mesma obstinação e disseram: Estávamos rápidos demais, nossas almas ficaram lá atrás, precisamos aguardar por elas, o sol já vai se por".
Foi quando me dei conta que estava sozinha, sem Sérgio (ufa!) e sem alma. Resolvi esperar a segunda chegar, comendo bolinhos de tempestade. Massa de pão aberta em tirinhas, fritas e passadas no conforto: açúcar e canela.
Simples assim. Como pude esquecer que gostava?
Cada mordida dissolveu um pouco o cansaço, mas a alma birrenta veio devagar, molengando. O bolinho feito pela minha mãe foi fisgando tantos outros gostos esquecidos. Carboidratos anímicos. Gostos possíveis, quase extintos!
Bolinho de tempestade findos, veio a bonança
Tênis calçados, corrida agora com alma e com gosto..
Afinal a Rita continuou:
...“Nem sempre tem vento
Mas sempre tem jeito pra dar...”
Letra e música na íntegra:
http://www.youtube.com/watch?v=uTcfSSkE9Ao
Um comentário:
Olá Lili, muito obrigada pelo comentário que deixou no meu livro de visitas. Espero que a info que lá encontrou sobre o tomilho lhe tenha sido útil. Também gostei muito do seu blogue de culinária. Abraço. Dulce Rodrigues, www.dulcerodrigues.info.
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